segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Para todo começo um existe um fim


Entardecer de um dia quente, raios de sol batem em um chão esburacado que já foi feito de asfalto, agora tomado por uma densa vegetação que cresce sem rumo e sem ordem. Por ali todos os dias nesse horário passavam carcaças de ferro dos mais variados tipos. Eram grandes, pequenas, bonitas e até feias e velhas. Elas andavam sobre rodas movidas pelo ronco de um motor potente, eram conduzidas por pessoas frenéticas e desesperadas, elas só queriam ir para suas casas. Agora não se vê nem uma formiga, apenas o verde das gramíneas.

O ano em questão é difícil de se imaginar, mas num futuro não muito distante ele deve estar. Ali onde o que se vê hoje são grandes construções de cimento totalmente destruídas e abandonadas, já foi pela água muito devastada, e submerso por um longo tempo ficou. Pela praia ondas gigantescas vinham com toda força, muitos morreram e outros tantos tiveram que fugir, abandonar tudo o que tinham, tudo que sempre deram muito valor pois não imaginavam que nível do mar tão rápido iria subir.

Hoje o sol bate quente no chão como em tantas tardes bonitas ele o fez, mas por muito tempo esse mesmo chão ficou molhado e inundado. Não é mais possível viver ali, pois não sabe nem onde estão os seres que habitaram este planeta em outros tempos. Não se vê nem mais pássaros voando e nem peixes nadando, parece que não há mais vida no planeta destruído por aqueles que com vida controlavam sua vida. Não foi um meteoro que caiu e nem mesmo um devastador ataque alienígena, foram apenas as consequências do pouco tenebroso Aquecimento Global.

O ponto de retorno já havia passado e nem por isso alguém iria deixar de fazer algo para o seu bem ao invés do bem do planeta. A vida é curta e o que pensavam é que quando ocorrer o cataclisma nem estariam mais vivos, mostrando pouca preocupação com descendentes ou quem quer que no mesmo lugar que ele vive iria viver. Muitas das pessoas não respeitam nem o seu semelhante, imagina então animais indefesos e um planeta, surgido a mais de quatro bilhões de anos que já suportou inúmeras catástrofes, porém sempre se recuperando e esperando seu verdadeiro fim.

O ser-humano acabou com sua própria existência e com a existência de outros seres vivos, mas mesmo abalado o planeta que ele vivia resistiu e ainda pode ser iluminado pelo sol. Uma estrela grande, quente e muito próxima, que tem seu fim decretado já que não nasceu para existir eternamente, pois para todo começo existe um fim, e o fim do sol culminará no fim do planeta Terra e de alguns outros, mas o fim dos que na Terra viveram aconteceu bem antes. Ele foi decretado pelos seus próprios atos que eles próprios julgaram como inconsequentes, mas que no fundo causaram um mal a eles próprios que pouquíssimos puderam prever ou sequer imaginar.

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